sábado, 10 de novembro de 2007

A borboleta azul

Tenho um fascínio por borboletas desde miuda. Lembro-me de, ainda muito pequena, andar horas à procura delas e depois ficar a observar, sem pestenejar, sempre que tinha a sorte de encontrar uma, daquelas lindíssimas, de todas as cores. Escrevia sobre elas num pequeno caderno e admito que algumas vezes tentei apanhá-las para trazer para casa e poder ficar a olhá-las na minha gaiola de rede. Mas, a verdade é que nunca cheguei a apanhar nenhuma, não por ser difícil, mas porque quando estava quase a ter uma delas nas minhas mãos, percebia que, no fundo, o que eu gostava era de andar nos jardins e nas montanhas à procura. O que gostava mesmo era daquela sensação maravilhosa que eu sentia quando finalmente ao fim de horas via uma sobre uma flor ou uma pedra. Naquele tempo, eu não tinha uma máquina fotográfica, para poder captar a sua beleza, não havia internet para fazer as minhas pesquisas, por isso, quando podia, procurava nos livros da biblioteca da escola, tudo o que podia encontrar sobre borboletas.







Hoje, continuando a gostar imenso de borboletas, tenho uma admiração especial pela borboleta azul, a mais linda da Terra, a mítica e fugidia Mariposa Azul, objecto de estudo, de lendas, de histórias de sabedoria, sonho e fantasia.

Baseado em factos verídicos, existe um filme de 2004, com o nome de "A borboleta azul", que conta a história de um rapazinho de dez anos, com uma doença terminal e a quem já só restam uns meses de vida, que tem como último desejo capturar a borboleta mais linda da Terra, a borboleta azul.


Determinada em realizar o sonho do filho, Teresa Carlton, a mãe solteira do garoto, convence muito a custo Alan Osborne, um famoso entomólogo e o herói do filho, a levá-los à floresta em busca da borboleta. A aventura que empreendem irá revelar-se uma lição ímpar, de coragem e redenção, de poder e de perdão, pondo a nú a fragilidade da vida e a força do amor.


"A borboleta azul" mostra-nos o impacto que a força que o ser humano tem em si próprio e, na vida das outras pessoas. Na verdade, existem pessoas assim, que têm um brilho especial, uma força enorme, capaz de nos mover. Os nossos sonhos podem ter grandes repercussões nos outros e muitas vezes podem mudar o rumo da vida de muitas pessoas. Todos nós escrevemos um bocadinho da vida de cada um, pois um simples contacto pode marcar uma pessoa pela vida inteira, muitas vezes não precisa de ser uma amizade de longa data, apenas de alguns momentos, mas momentos enriquecedores. Marcantes. Inesquecíveis.


No alegre sol de então
De uma manhã de amor,
A borboleta solta no fulgor
Da luz, lembrava um leve coração.

Ia e vinha e a voar
Gentil e trêfega, azul,
Sonoramente a percorrer pelo ar,
Como um silfo tenuíssimo e taful.

Sobre os frescos rosais
Pousava débil, sutil,
Doirando tudo de um risonho abril
Feito de beijos e de madrigais.

Que doce embriaguez
O vôo assim seguir
Da borboleta azul, correndo, a vir
Do espaço pela Etérea candidez!

Fazendo, tal e qual,
O mesmo giro assim,
O mesmo vôo límpido, sem fim,
Nos mundos virgens de qualquer ideal.

Ir como ela também
Em busca das loucas
E tropicais e fulgidas manhãs
Cheias de colibris e sol, além...

Ir com ela na luz
De mundos através,
Sem abrolhos nas mãos, cardos nos pés,
Ó alma, minha, que alegria a flux!...

No alegre sol de então
De uma manhã de amor
A borboleta solta no fulgor
Da luz, lembrava um leve coração.

Poema de de Cruz e Sousa, "A borboleta azul". Espero que gostem.

E ainda para quem gosta de histórias:

A borboleta azul

Butterflies

Créditos: http://www.dvdpt.com/ (informação sobre o filme)
pt.wikisource.org (poema)
http://www.shutterstock.com/ (foto)
http://recados.net/ (glitter)
http://www.techs.com.br/ (história)

1 comentário:

Ana disse...

Eu também gosto de borboletas!
São muito mágicas e lindas. Vi uma vez um filme que diziam que a borboleta era uma fada disfarçada :)
Beijos