

Só não percebeu porque choravam tanto os novos coleguinhas... Não percebeu porque é que as mamãs deles iam embora também a chorar... Não percebeu porque é que eles não queriam brincar e porque chamavam tantas vezes a mamã... Ele também tinha saudades da mamã, do papá e dos manos, mas no final da tarde, já estariam todos juntos outra vez e agora era tempo de brincar com os meninos da sala, explorar os brinquedos novos e fazer coisas divertidas, como pintar as mãos de azul, comer as folhas das revistas e esconder as chupetas dentro das caixas coloridas!
Claro que o Gonçalo não sabe, é muito pequenino para compreender e além disso desde muito cedo que aquela sala de bébés é a sua segunda casa. A Marlene, a Cândida, a Patrícia, a Paula, a Rosa, a Zé, são as "tias" em quem ele sempre confiou, com quem ele sempre brincou e conhece desde quando era mesmo um "bebezinho"...
Mas, a mãe do Gonçalo compreendeu aquelas lágrimas e percebeu aquela mãe que chorava baixinho à porta, para que o filho não a visse e não chorasse ainda mais.
A mãe do Gonçalo sentiu também o seu coração apertado e o nó na garganta. Não conseguiu também esconder aquela lágrima teimosa que insistia em sair pelo canto do olho.

Só as mães que vivem esse momento, de olhar para trás e ver o seu filho debulhar-se em lágrimas enquanto se afastam, percebem o quanto esse momento é doloroso e o quanto pode significar nas suas vidas.
A todas as mães que ontem viveram essa experiência pela primeira vez na vida e a todas aquelas que já conseguem engolir as lágrimas, quero aqui fazer uma pequena homenagem.
Dedicar-lhes esta história, que recebi um dia destes por email e que de facto, diz muito do que é ser mãe. Esta é a história de uma mãe em full-time, aquelas que têm a felicidade de puder estar o dia todo com os seus filhos e que muitas vezes não lhes reconhecem o seu devido valor.
Para todas as mães, aquelas que têm empregos e aquelas que não os têm, aqui fica o meu tributo. Para todos as mães, que agora cuidam dos seus netos, para as mães que cuidam, que protegem, que educam os filhotes das outras mães, a todas elas: bem hajam!
"Uma mulher foi renovar a sua carta de condução. Pediram-lhe para informar qual era a sua profissão. Ela hesitou, sem saber bem como se classificar. "O que eu pergunto é se tem um trabalho", insistiu o funcionário.
"Claro que tenho um trabalho", exclamou. "Sou mãe".
"Nós não consideramos "mãe" um trabalho. Vou colocar"Dona de casa", disse o funcionário friamente.
Não voltei a lembrar-me desta história até o dia em que me encontrei numa situação idêntica.
A pessoa que me atendeu era obviamente uma funcionária de carreira, segura, eficiente, dona da situação, perguntou:Qual é a sua ocupação?
Não sei o que me fez dizer isto, mas as palavras simplesmente saltaram-me da boca para fora:
"Sou Doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas."
A funcionária fez uma pausa, a caneta de tinta permanente a apontar para o ar e olhou-me como quem diz que não ouviu bem.
Eu repeti pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas.
Então reparei, maravilhada, como ela ia escrevendo, com tinta preta, no questionário oficial.
"Posso perguntar" - disse-me ela com novo interesse - "o que faz exatamente?"
Calmamente, sem qualquer traço de agitação na voz, ouvi-me responder:
"Desenvolvo um programa a longo prazo (qualquer mãe faz isso), em laboratório e no campo experimental (normalmente eu teria dito dentro e fora de casa). Sou responsável por uma equipa (a minha família), e já recebi quatro projetos ( todas meninas).
Trabalho em regime de dedicação exclusiva (alguma mulher discorda??), o grau de exigência é de cerca de 14 horas por dia (para não dizer 24 horas!).
Houve um crescente tom de respeito na voz da funcionária que acabou de preencher o formulário, levantou-se e, pessoalmente abriu-me a porta.
Quando cheguei a casa, fui recebida pela minha equipa: uma menina com 13 anos, outra com 7 e outra com 3 anos. Do andar de cima, pude ouvir a minha nova experiência (um bebê de seis meses), a testar uma nova tonalidade de voz.
Senti-me triunfante! Maternidade... que carreira gloriosa!
Assim, as avós deviam ser chamadas: "Doutora-Sênior em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas".
As bisavós: "Doutora- Executiva- Sênior".
E as tias: "Doutora - Assistente".
Uma homenagem carinhosa a todas as mulheres, mães, esposas, amigas, companheiras.
Doutoras na Arte de fazer a vida melhor !!!"
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