domingo, 21 de outubro de 2007

No Kids?

Depois de ler mais um artigo da Happy Woman sobre um livro polémico publicado recentemente em França, tive vontade de encontrar algumas razões para contrapôr com as razões apontadas para não ter filhos. Como mãe que sou, de três rapazes, compreendo até algumas das razões que a autora Corinne Maier apresenta para justificar a decisão de não se ter filhos. O mais irónico é que a autora é mãe também, não de um, mas de dois filhos! Leva-me a pensar porque é que teve o segundo, se estava tão convicta das suas opiniões...

A autora diz que se não tivesse filhos, estava a viajar pelo mundo com o dinheiro da venda dos seus livros. Em vez disso, diz ser forçada a estar em casa a servir refeições, a ter que se levantar às sete horas da manhã, a ter que os ajudar com os trabalhos de casa e a pôr roupa a lavar. Tudo isto, em prol de dois filhos que a tratam como uma criada. Diz até que às vezes se arrepende de os ter tido.
O livro apresenta quarenta razões para não se ter filhos e lança um repto às mulheres que ainda não têm filhos e explica porque é que se devem manter longe de fraldas e biberões.

Mas, começemos pela primeira razão apontada: o parto. Aceito que o parto possa ser a experiência mais dolorosa da vida. Aceito e acredito pois, com excepção do meu terceiro filho, os nascimentos dos dois primeiros fizeram-me sofrer horrores e pensei que não sobrevivia! Mas, mesmo depois de tanto tempo, ainda me lembro do momento maravilhoso que foi tê-los nos meus braços pela primeira vez. A emoção foi tão grande e encheu-me tanto o coração que esqueci logo toda a dôr e todo o desespero que vivi durante horas. Foi uma alegria e uma ternura tão profundas que ainda hoje me lembro de cada gesto, de cada olhar. Além disso, tenho ouvido relatos de mães que poucas ou nenhumas dores sentiram e descrevem como tendo sido o momento mais bonito das suas vidas...

Dar de mamar a um filho pode ser também muito doloroso. Concordo que amamentar não é a experiência mais "happy", especialmente quando não corre bem, como foi o meu caso. Ainda me lembro bem do quanto chorei de cada vez que os meus filhos precisavam de mamar. Mas, não é por isso que vou generalizar, pois amamentar é sem dúvida um momento lindo, de profunda complicidade entre mãe e filho. Lembro-me que pouco tempo depois as lágrimas de dor foram substituídas pelas lágrimas de emoção, quando as suas pequeninas mãos apertavam os meus dedos com toda a sua força de bebés.

A autora acusa ainda os filhos de acabar com o nosso divertimento, a nossa identidade, o erotismo na relação, de fomentar a rotina, o consumismo e de pôr fim aos nossos sonhos. Penso que são razões que nascem do tipo de personalidade que se tem, das expectativas e prioridades de cada um. Para mim, divertimento só faz sentido com os meus filhos. Um ano resolvi fazer férias sózinha com o meu marido e juramos nunca mais repetir a experiência. Passamos o tempo todo a pensar neles, a dizer o quanto eles iam adorar ter feito os passeios que fizemos, ver tudo aquilo que vimos, enfim, dois dias depois já queríamos voltar para casa.

Quanto ao fim do erotismo, não acredito que casais com filhos deixem de se divertir e ter uma relação sexual saudável, exige é mais imaginação, requer algum sentido de humor, até algum sentido de sacrifício, às vezes, se bem me percebem...

A autora avança ainda com a ideia de que ter um filho é um produto de luxo, pois é mais caro do que comprar um carro topo de gama ou fazer um cruzeiro à volta do mundo. Minha senhora, se pensarmos nas coisas que compramos completamente inúteis, no dinheiro que perdemos estupidamente em hábitos fúteis e ás vezes até perigosos, acredite que dava para dar algumas voltas ao mundo mas...adiante.

Quanto a afirmações de que ter filhos é deixar de pensar em nós pois passam a ser a nossa principal prioridade e de que os filhos obrigam os pais a procurar incessantemente a felicidade para os seus descendentes, só tenho uma resposta: os meus filhos são a principal razão da minha vida, é por eles que tento sempre fazer e ter mais e melhor e, de facto, a sua felicidade e bem estar são a minha principal prioridade. E, os meus filhos sabem disso, sabem que podem contar sempre comigo, sabem que farei tudo o que estiver ao meu alcance para os proteger, para os ajudar. Por colocar os seus interesses acima dos meus, por colocar a sua felicidade acima da minha, não sou menor, sou maior, sou mãe. Acho que as verdadeiras mães fazem isso. É da sua natureza. No entanto, os meus filhos não me impediram de tirar uma licenciatura, nem uma pós graduação. Nem uso o pretexto de os ter para não fazer aquilo que sonho e aspiro na vida. Nem são impeditivo para ser uma boa profissional e tentar fazer o meu melhor no dia a dia. É mais difícil, claro, exige um esforço redobrado, mas não é impossível!

Também não aceito a sua ideia de que os filhos são crueis, que adoram criticar os pais, humilhá-los em público e cobiçar os brinquedos dos outros. Como filha que também sou, não me vejo nesse papel e aos meus filhos também não, graças a Deus. Mais, pensar que eles nos vão desiludir forçosamente é uma ideia negativa e pessimista!De facto, quem pensa assim, merece mesmo sofrer desilusões. Um filho é uma dádiva, é um tesouro que Deus nos confiou, só poderá ser feliz quem acreditar e viver com isto presente no coração. Não merece ser feliz, quem perante um filho, não vê a benção que lhe foi concedida!


1 comentário:

maresia_mar disse...

Olá
vim agradecer e retribuir a simpatica visita, pena eu andar um pouco longe dos blogues por falta de disponibilidade, espero que esta fase stressante do trabalho abrande afim de eu poder visitar os meus amigos! Bjhs